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Jornal Novo Tempo
sábado, 4 de agosto de 2012
Mensaleiro no Banco dos Réus
Na medida em que se aproxima o julgamento do mensalão, marcado para o próximo dia 2, o clima em Brasília torna-se pesado e os réus passam a ficar nervosos com a forte possibilidade de condenação, pelo menos da maioria dos integrantes do esquema. A cada dia surge uma manifestação e, até aqui, todas são contra o PT e atingem, em cheio, o presidente Lula. A começar por Roberto Jefferson autor da denúncia que impactou José Dirceu, ex-chefe da Casa Civil e super ministro do então presidente. O ex-deputado descobriu na semana passada que estava com câncer no pâncreas e deverá proceder uma cirurgia nas próximas hora. Mas ele mandou um avisou enigmático: não será condenado e não cumprirá pena, ao tempo em que atacou o ministro do STJ, que relatou o processo, Joaquim Barbosa, dizendo que “ele joga para a plateia para receber palmas em botequim”.
O advogado dele, no entanto, Luiz Barbosa bombardeou o ex-presidente dizendo que seu cliente exagerou na defesa de Lula, inocentando-o, e vai acusá-lo de ter sido o mandante do esquema que marcou um dos maiores escândalos da República. Disse mais que os três então ministros envolvidos, Dirceu à frente, procederam por ordem do ex- presidente. “Eles (ministros) foram os auxiliares e ele (Lula) ordenou, sim, que se fizesse aquilo que diz a acusação. Se ele não tivesse ordenado, seria um pateta. É claro que os ministros não mandavam mais do que ele (Lula)", alfineta.
Na mesma linha, ou próxima disso, acompanha o secretário-geral do PP, Benedito Domingos, que conformou a existência do mensalão, que de início não tinha esse nome, mas era chamado de “apoio financeiro aos deputados”. Ele desenvolve uma tese segundo a qual o mensalão, também chamado de “pensão”, era do conhecimento porque, que o recebia, trocava ideias sobre os valores e essas informações vazavam.
A situação e de tal sorte nervosa e se amplia nesses dias que precedem o julgamento que também o Banco Rural vai levar ao julgamento informações, para atingir o publicitário Marcos Valério, operador do esquema e do Partido dos Trabalhadores. O banco, que já remeteu informações para o Supremo alega que recursos públicos também alimentavam as ações de Valério, para pagar aos políticos integrantes da quadrilha.
Isso porque Valério continua a afirmar que não foram recursos públicos, mas oriundos do Banco Rural e do BMG. O publicitário, aliás, figura central do escândalo, apavorado com o julgamento, passou a dizer, nos últimos dias, que o ex-presidente Lula sabia de tudo e aprovava o que era feito. Segundo ele, pretende abrir as informações e irá complicar Lula. A questão é que havia uma suposição de que o mensalão iria passar em branco, que ninguém sentaria na cadeira dos réus em função do poder de Lula na República, que teria influência no Supremo.
Fazem-se citações, aqui e ali, sobre os ministros nomeados pelo ex-presidente. Acontece que não é assim que parece. Salvo a dúvida sobre a presença, ou não, do ministro Dias Toffoli no processo de julgamento porque sobre os demais não pairam dúvidas. O problema é que Tofolli, além de advogado do PT foi, também, assessor jurídico de José Dirceu, com ele trabalhando na Casa Civil da Presidência. Por ora, nada existe que possa consubstancia uma informação dessa ordem até porque é possível que o ministro se manifeste, quando iniciar o processo, por seu impedimento. Os procuradores da República pretendem fazê-lo, requerendo a suspeição no Supremo, mas, se o fizerem, poderá ser um ato inócuo. Não se tem notícia de que o STF tenha aceitado o pedido de suspeição sobre um dos seus ministros. Assim posto, neste final de julho o clima começa a ficar pesado entre os mensaleiros, atingindo em cheio o PT por correr o risco de sair seriamente desgasto. Já o Supremo toma providência s para o grande julgamento, talvez o maior da sua história.
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