Apesar de ainda encontrar suporte em seus fundamentos, principalmente
no curto prazo, o mercado internacional da soja fechou os negócios
desta quinta-feira (5) registrando intensas perdas na Bolsa de Chicago.
Os principais vencimentos recuaram entre 5,50 e 22 pontos, e o julho
encerrou o pregão regular valendo US$ 14,60 por bushel.
Os
futuros da oleaginosa passaram por uma intensa realizaçaõ de lucros
nesta sessão, após semanas de boas altas no mercado internacional. A
correção vem, principalmente, por parte dos fundos, que têm liquidado
boa parte de suas posições mais próximas, justificando as perdas mais
intensas nos contratos de mais curto prazo.
Paralelamente, os
números das exportações semanais norte-americanas vieram aquém das
expectativas do mercado e também pressionaram as cotações. Enquanto o USDA
(Departamento de Agricultura dos Estados Unidos) informou as vendas em
41,3 mil toneladas, os traders apostavam em algo entre 100 e 125 mil
toneladas, uma vez que a demanda não tem dados sinais de desaquecimento
mesmo diante da escassez de produto no país. O volume, portanto, veio
32% menor em relação à semana anterior e 51% mais baixo do que a médias
das últimas quatro semanas.
Com esse número, porém, o mercado
observa o total de vendas para exportação acumulado no ano subir para
44.973,7 milhões de toneladas, enquanto o USDA estima, para todo o ano
comercial, 43,5 milhões de toneladas. A temporada, entretanto, só se
encerra em mais 13 semanas.
Dessa forma, a força dos fundamentos
ainda se mantém presente entre os negócios e deixa firme o suporte para
os preços no curto prazo, segundo acreditam analistas.
"O mercado
perdeu alguns pontos gráficos importantes e acabou recuando com mais
força. Esse foi um dia bastante negativo para todas as commodities, com
forte influência no mercado de moedas e do financeiro", explicou o
operador de mesa da Terra Investimentos, Bruno Perottoni. "Porém, o que
não muda é o fundamento e a tendência do mercado", completa.
Nova safra dos EUA
Outro
fator quem tem pressionado o mercado internacional de grãos é a boa
evolução da nova safra dos Estados Unidos. As condições climáticas,
principalmente no Meio-Oeste, maior região produtora de grãos do país,
têm se mostrado bastante favoráveis para o desenvolvimento das lavouras e
as previsões indicam a continuidade desse quadro para os próximos
dias.
Diante disso, portanto, se acentua a pressão sazonal que o
mercado sente nesse período do ano por conta do início da nova safra dos
EUA. O plantio da temporada 2014/15 tem evoluído acima da média dos
últimos anos - concluído em 78% da área até o último domingo (1) - e as
perspectivas são de uma colheita de mais de 98 milhões de toneladas de
soja no país.
quinta-feira.
Veja também como fechou o mercado do milho:
Milho: Mercado reflete clima favorável ao desenvolvimento da safra dos EUA e fecha em queda na CBOT
As
cotações futuras do milho negociadas na Bolsa de Chicago (CBOT)
fecharam o pregão desta quinta-feira (5) do lado negativo da tabela.
Durante os negócios, as principais posições da commodity ampliaram as
perdas e terminaram o dia com quedas entre 6,25 e 8,00 pontos. O
contrato julho/14 registrou uma redução de 1,6% e encerrou a sessão
cotado a US$ 4,49 por bushel.
Segundo a analista de mercado da
FCStone, Ana Luiza Lodi, as cotações refletem o clima, considerado
favorável ao desenvolvimento das lavouras norte-americanas. Diante dessa
situação, a expectativa dos participantes do mercado é que a safra dos
EUA será cheia.
Em contrapartida, o mercado já tem precificado
esse cenário e somente no mês de maio, as cotações do cereal acumulam
perdas de mais de 10%. Nas últimas sessões, os futuros do milho têm
perdido importantes patamares de suporte em Chicago. "No curto prazo, as
cotações ainda têm espaço para recuar um pouco mais. Porém, não
acredito que possam retornar ao nível de US$ 4,00 por bushel, como já
vimos anteriormente", diz Ana Luiza.
Ainda na visão da analista,
as notícias do lado da demanda poderiam ocasionar uma modificação nesse
quadro, principalmente, por parte da China. Entretanto, o novo relatório
de oferta e demanda do USDA (Departamento de Agricultura dos Estados
Unidos), que será divulgado na próxima semana não deverá trazer números
expressivos.
Nesta quinta-feira, o USDA reportou as vendas para
exportação de milho referente à safra 2013/14 em 550.700 mil toneladas
até o dia 29 de maio. O número representa uma queda de 5% em relação à
semana anterior, porém uma alta de 39% sobre a média das últimas
semanas. Para a safra 2014/15, as vendas totalizaram 19.600 toneladas.
Ainda
hoje, o Sistema de Informação do Mercado Agrícola (AMIS), órgão do G-20
para divulgar dados de oferta e demanda das principais commodities
agrícolas, informou que a produção mundial de milho em 2014/15 deverá
totalizar 988 milhões de toneladas, contra 1,007 bilhão no ano anterior.
Em maio, a projeção era de 967 milhões de toneladas.
Já os
estoques finais deverão somar 169 milhões de toneladas, frente as 162
milhões de toneladas estimadas em maio. O aumento nas previsões é
decorrente da expectativa favorável em relação à safra norte-americana e
das produções acima do esperado na América do Sul.
Segundo dados
do USDA, a produção global de milho da safra 2014/15 deverá totalizar
979,08 milhões de toneladas, conforme dados do último boletim de oferta e
demanda. Por outro lado, os estoques são estimados em 181,73 milhões de
toneladas.
BMF&Bovespa
Os futuros do
milho na BMF&Bovespa trabalham em campo negativo nesta quinta-feira.
O vencimento julho/14, que era cotado a R$ 26,76 na manhã de hoje,
recuou e por volta das 17h08 (horário de Brasília) era negociado a R$
26,60. O mercado brasileiro também acompanha as perdas em Chicago.
O
aumento na oferta disponível, já que os produtores avançaram nas vendas
da safra de verão, e a proximidade da colheita da segunda safra
pressionam negativamente as cotações do milho. De acordo com
levantamento realizado pela Scot Consultoria, na região de Campinas
(SP), a saca de 60 quilos do grão está cotada a R$ 25,00, uma queda de
12,5% frente ao valor médio registrado em maio.
Ainda na visão da
analista, o mercado brasileiro ainda dependerá das exportações. A safra
de milho é estimada em 75 milhões de toneladas, segundo dados da Conab
(Companhia Nacional de Abastecimento). Já o consumo interno, deve ficar
entre 53 a 54 milhões de toneladas, enquanto que os estoques são
projetados em 8,6 milhões de toneladas.
“Com as exportações
ganhando ritmo no segundo semestre, os preços deverão se manter próximos
dos atuais patamares, ainda assim não é cenário que vimos no ano
passado, de cotações baixas. Mas se as exportações ficaram abaixo de 20
milhões de toneladas, podemos ter uma pressão maior nos preços”, destaca
Ana Luiza.
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