Jornal Novo Tempo

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sexta-feira, 6 de junho de 2014

Com baixas exportações dos EUA, soja fecha com forte queda

Apesar de ainda encontrar suporte em seus fundamentos, principalmente no curto prazo, o mercado internacional da soja fechou os negócios desta quinta-feira (5) registrando intensas perdas na Bolsa de Chicago. Os principais vencimentos recuaram entre 5,50 e 22 pontos, e o julho encerrou o pregão regular valendo US$ 14,60 por bushel.
Os futuros da oleaginosa passaram por uma intensa realizaçaõ de lucros nesta sessão, após semanas de boas altas no mercado internacional. A correção vem, principalmente, por parte dos fundos, que têm liquidado boa parte de suas posições mais próximas, justificando as perdas mais intensas nos contratos de mais curto prazo.
Paralelamente, os números das exportações semanais norte-americanas vieram aquém das expectativas do mercado e também pressionaram as cotações. Enquanto o USDA (Departamento de Agricultura dos Estados Unidos) informou as vendas em 41,3 mil toneladas, os traders apostavam em algo entre 100 e 125 mil toneladas, uma vez que a demanda não tem dados sinais de desaquecimento mesmo diante da escassez de produto no país. O volume, portanto, veio 32% menor em relação à semana anterior e 51% mais baixo do que a médias das últimas quatro semanas.
Com esse número, porém, o mercado observa o total de vendas para exportação acumulado no ano subir para 44.973,7 milhões de toneladas, enquanto o USDA estima, para todo o ano comercial, 43,5 milhões de toneladas. A temporada, entretanto, só se encerra em mais 13 semanas.
Dessa forma, a força dos fundamentos ainda se mantém presente entre os negócios e deixa firme o suporte para os preços no curto prazo, segundo acreditam analistas.
"O mercado perdeu alguns pontos gráficos importantes e acabou recuando com mais força. Esse foi um dia bastante negativo para todas as commodities, com forte influência no mercado de moedas e do financeiro", explicou o operador de mesa da Terra Investimentos, Bruno Perottoni. "Porém, o que não muda é o fundamento e a tendência do mercado", completa.
Nova safra dos EUA
Outro fator quem tem pressionado o mercado internacional de grãos é a boa evolução da nova safra dos Estados Unidos. As condições climáticas, principalmente no Meio-Oeste, maior região produtora de grãos do país, têm se mostrado bastante favoráveis para o desenvolvimento das lavouras e as previsões indicam a continuidade desse quadro para os próximos dias.
Diante disso, portanto, se acentua a pressão sazonal que o mercado sente nesse período do ano por conta do início da nova safra dos EUA. O plantio da temporada 2014/15 tem evoluído acima da média dos últimos anos - concluído em 78% da área até o último domingo (1) - e as perspectivas são de uma colheita de mais de 98 milhões de toneladas de soja no país.
quinta-feira.
Veja também como fechou o mercado do milho:
Milho: Mercado reflete clima favorável ao desenvolvimento da safra dos EUA e fecha em queda na CBOT
As cotações futuras do milho negociadas na Bolsa de Chicago (CBOT) fecharam o pregão desta quinta-feira (5) do lado negativo da tabela. Durante os negócios, as principais posições da commodity ampliaram as perdas e terminaram o dia com quedas entre 6,25 e 8,00 pontos. O contrato julho/14 registrou uma redução de 1,6% e encerrou a sessão cotado a US$ 4,49 por bushel.
Segundo a analista de mercado da FCStone, Ana Luiza Lodi, as cotações refletem o clima, considerado favorável ao desenvolvimento das lavouras norte-americanas. Diante dessa situação, a expectativa dos participantes do mercado é que a safra dos EUA será cheia.
Em contrapartida, o mercado já tem precificado esse cenário e somente no mês de maio, as cotações do cereal acumulam perdas de mais de 10%. Nas últimas sessões, os futuros do milho têm perdido importantes patamares de suporte em Chicago. "No curto prazo, as cotações ainda têm espaço para recuar um pouco mais. Porém, não acredito que possam retornar ao nível de US$ 4,00 por bushel, como já vimos anteriormente", diz Ana Luiza.
Ainda na visão da analista, as notícias do lado da demanda poderiam ocasionar uma modificação nesse quadro, principalmente, por parte da China. Entretanto, o novo relatório de oferta e demanda do USDA (Departamento de Agricultura dos Estados Unidos), que será divulgado na próxima semana não deverá trazer números expressivos.
Nesta quinta-feira, o USDA reportou as vendas para exportação de milho referente à safra 2013/14 em 550.700 mil toneladas até o dia 29 de maio. O número representa uma queda de 5% em relação à semana anterior, porém uma alta de 39% sobre a média das últimas semanas. Para a safra 2014/15, as vendas totalizaram 19.600 toneladas.
Ainda hoje, o Sistema de Informação do Mercado Agrícola (AMIS), órgão do G-20 para divulgar dados de oferta e demanda das principais commodities agrícolas, informou que a produção mundial de milho em 2014/15 deverá totalizar 988 milhões de toneladas, contra 1,007 bilhão no ano anterior. Em maio, a projeção era de 967 milhões de toneladas.
Já os estoques finais deverão somar 169 milhões de toneladas, frente as 162 milhões de toneladas estimadas em maio. O aumento nas previsões é decorrente da expectativa favorável em relação à safra norte-americana e das produções acima do esperado na América do Sul.
Segundo dados do USDA, a produção global de milho da safra 2014/15 deverá totalizar 979,08 milhões de toneladas, conforme dados do último boletim de oferta e demanda. Por outro lado, os estoques são estimados em 181,73 milhões de toneladas.
BMF&Bovespa
Os futuros do milho na BMF&Bovespa trabalham em campo negativo nesta quinta-feira. O vencimento julho/14, que era cotado a R$ 26,76 na manhã de hoje, recuou e por volta das 17h08 (horário de Brasília) era negociado a R$ 26,60. O mercado brasileiro também acompanha as perdas em Chicago.
O aumento na oferta disponível, já que os produtores avançaram nas vendas da safra de verão, e a proximidade da colheita da segunda safra pressionam negativamente as cotações do milho. De acordo com levantamento realizado pela Scot Consultoria, na região de Campinas (SP), a saca de 60 quilos do grão está cotada a R$ 25,00, uma queda de 12,5% frente ao valor médio registrado em maio.
Ainda na visão da analista, o mercado brasileiro ainda dependerá das exportações. A safra de milho é estimada em 75 milhões de toneladas, segundo dados da Conab (Companhia Nacional de Abastecimento). Já o consumo interno, deve ficar entre 53 a 54 milhões de toneladas, enquanto que os estoques são projetados em 8,6 milhões de toneladas.
“Com as exportações ganhando ritmo no segundo semestre, os preços deverão se manter próximos dos atuais patamares, ainda assim não é cenário que vimos no ano passado, de cotações baixas. Mas se as exportações ficaram abaixo de 20 milhões de toneladas, podemos ter uma pressão maior nos preços”, destaca Ana Luiza.

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